quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Uma quinta-feira qualquer

Faz tempo.
Estive aqui em maio, com minha última carta.
Hoje, início do mês de agosto, volto menos reconfortada do que desejo e mais
sozinha do que mereço. Ou, do que acredito que mereço.
Os dias se passam com rapidez essencial ao manejar imperioso
deste tempo em que vivo às turras com o relógio.
Então, sou um vulto passando, sentada em um dos cavalos do carrossel
gigante. Além disso, não sou nada.
.
Aqui, em minhas cartas, mora a janela em que
consigo me debruçar de dentro da prisão.
São apenas palavras, mas as palavras
são tudo o que realmente tenho
e eu continuo lançando-as como sementes
pelos campos em que corro sem me dar
conta do destino delas.
.
Se eu peco, peco pelo excesso
de sentimento.
Disto, não tenho a menor dúvida.
Vida pequena, esta.
Caminhada que sempre é recente,
mesmo que eu me sinta tão antiga.
O carrossel gigante não pára.
Nem há por que parar.
Tudo se movimenta,
inclusive as palavras que eu lanço.
E voltam, voltam
para mim.
...
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