terça-feira, 16 de janeiro de 2007

****arte

Delacroix - O Mar

16 de janeiro de 2007

Há uma espécie de repetição em minha poesia.
Ela persegue alguns pensamentos e sentimentos que me dominam, por ora.
É forte o que sinto, quando sinto.
Então, fico assim, sentada à escrivaninha e não sei exatamente a quem me dirigir, enquanto escrevo cartas que me desnudam.
Talvez eu deva mesmo escrever ao vento, nesta noite que me parece estar tão necessitada dele.
O calor intenso parece sufocar qualquer vôo.
Minha pele se recente e transpira.
Desejo o movimento das cortinas e minha garganta está seca.
Bebo água e saio de mim ao primeiro gole, porque minha mente me leva para junto do mar, onde há uma brisa eterna.
Enquanto a água me sacia a sede, a lembrança do mar me deixa um tanto mais inquieta.
Coitada de minha poesia. Eu escrevi há pouco que ela persegue...mas, ela não persegue coisa alguma!
Por Deus, não!
De fato, ela é perseguida, isto sim.
Por meus sentimentos sempre tão conflitantes e desavisados.
Quando eu me dividir em muitas sementes,
quero nascer como uma espécie de planta que armazena água.
Sede não é bom de sentir.
Aglaé
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sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

*****arte

Saudade . por Edna Feitosa

Carta de hoje: tarde de calor e chuva em Curitiba

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Nada poderia ser mais preciso para mim do que o ligar das palavras, tecê-las como quem tece um tapete colorido por onde pisarão os pés de pessoas que jamais poderei ver.
No entanto, sinto-me muito menor do que tudo, inclusive do que elas, as palavras, mesmo enquanto as encontro para escrever, enquanto brinco com elas como as gotas da chuva que batem ali, na minha vidraça.
Como quem não faz nada além de sentir, eu me lanço às dedilhar e a tecer.
Não sei ao certo até onde tudo o que deixarei escrito levará de mim a alguém que possa ainda nem mesmo ter nascido - como acredito nas obras deixadas com rumo certo, deito-me na possibilidade.

Acho que algum devaneio não faz mal a ninguém. Mesmo que esse alguém seja eu - no caso, mais ninguém.
É que bati de frente comigo mesma e com
alguns blefes que moram em mim.
Uma amiga querida me traz alguns
pensamentos próprios de mim como
se fossem dela - não, na verdade são dela e são como os meus...
ou vêm morar todos em mim...
ou nascem em mim e nela ao mesmo tempo...sei lá...

Escrevo há anos para descobrir de mim e acabo
descobrindo bem menos do que imagino,
porque nascem mais colinas ao redor
- preciso escalar cada uma delas e, assim,
aprendo que preciso aprender mais e mais.

Tudo bem. Assim é.
Não há turismo por aqui.
É lida. Isso é bom.
Afinal, sempre me considerei uma trabalhadora.
Além disso, a chuva já parou - de novo! - e o calor intenso
voltou a abafar meus pensamentos.
Serão doidos demais se eu prosseguir.
Melhor desfrutar e um banho de cachoeira - há algumas em mim.

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