sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Carta de hoje: tarde de calor e chuva em Curitiba

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Nada poderia ser mais preciso para mim do que o ligar das palavras, tecê-las como quem tece um tapete colorido por onde pisarão os pés de pessoas que jamais poderei ver.
No entanto, sinto-me muito menor do que tudo, inclusive do que elas, as palavras, mesmo enquanto as encontro para escrever, enquanto brinco com elas como as gotas da chuva que batem ali, na minha vidraça.
Como quem não faz nada além de sentir, eu me lanço às dedilhar e a tecer.
Não sei ao certo até onde tudo o que deixarei escrito levará de mim a alguém que possa ainda nem mesmo ter nascido - como acredito nas obras deixadas com rumo certo, deito-me na possibilidade.

Acho que algum devaneio não faz mal a ninguém. Mesmo que esse alguém seja eu - no caso, mais ninguém.
É que bati de frente comigo mesma e com
alguns blefes que moram em mim.
Uma amiga querida me traz alguns
pensamentos próprios de mim como
se fossem dela - não, na verdade são dela e são como os meus...
ou vêm morar todos em mim...
ou nascem em mim e nela ao mesmo tempo...sei lá...

Escrevo há anos para descobrir de mim e acabo
descobrindo bem menos do que imagino,
porque nascem mais colinas ao redor
- preciso escalar cada uma delas e, assim,
aprendo que preciso aprender mais e mais.

Tudo bem. Assim é.
Não há turismo por aqui.
É lida. Isso é bom.
Afinal, sempre me considerei uma trabalhadora.
Além disso, a chuva já parou - de novo! - e o calor intenso
voltou a abafar meus pensamentos.
Serão doidos demais se eu prosseguir.
Melhor desfrutar e um banho de cachoeira - há algumas em mim.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Querida Aglé, estive lendo algumas de suas cartas e senti como se estivese vivendo esse tempo, isso que vc sentiu, não sei explicar, como gosto muito de ler,viajo no que leio e me senti hoje em Curitiba.Obrigado por sua visita e volte esta tudo mudado o blog mais lindo rsrsrs . (isso eu que acho).
Parabéns, volte sempre e vamos poetar.
Bjs no seu coração. Sônia Rêgo