quarta-feira, 22 de agosto de 2007

******arte

de Jana Vanourkova

***Folhas que caem

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Como nos dias em que esperei pelos abraços mais demorados e quentes.
Eu me vesti de inverno e fiquei à margem da rua, onde,
agora, restam umas poucas árvores nuas.
Porque as folhas se perderam com o vento frio
dos últimos momentos do inverno.
Que as bênçãos cubram a chegada da primavera.
E que a gente possa sorrir.
A.
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segunda-feira, 20 de agosto de 2007

***Quase primavera

Enquanto eu pensava nas estrelas que eu gostaria de ouvir,
o mundo deu muitas voltas em torno de si mesmo. Por isso - antes de qualquer outro motivo - há uma corda que se lança em uma direção que eu
mesma não tomaria, caso coubesse a mim essa escolha.
Um vasto território deserto se estende diante de mim e eu me rendo diante da amplidão.
Enquanto escrevo, as horas se repetem e com elas se repetem
os sons estranhos que ouço nestes dias que antecedem a primavera.
É como se o mundo se acomodasse um pouco para receber mais brilho e leveza.
Ele realmente girou e girou e eu não ouvi as estrelas.
Penso que isso, afinal, não é para todos e muito menos para todos os momentos.
Devaneios.
As cartas servem para isso também.
A.
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quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Uma quinta-feira qualquer

Faz tempo.
Estive aqui em maio, com minha última carta.
Hoje, início do mês de agosto, volto menos reconfortada do que desejo e mais
sozinha do que mereço. Ou, do que acredito que mereço.
Os dias se passam com rapidez essencial ao manejar imperioso
deste tempo em que vivo às turras com o relógio.
Então, sou um vulto passando, sentada em um dos cavalos do carrossel
gigante. Além disso, não sou nada.
.
Aqui, em minhas cartas, mora a janela em que
consigo me debruçar de dentro da prisão.
São apenas palavras, mas as palavras
são tudo o que realmente tenho
e eu continuo lançando-as como sementes
pelos campos em que corro sem me dar
conta do destino delas.
.
Se eu peco, peco pelo excesso
de sentimento.
Disto, não tenho a menor dúvida.
Vida pequena, esta.
Caminhada que sempre é recente,
mesmo que eu me sinta tão antiga.
O carrossel gigante não pára.
Nem há por que parar.
Tudo se movimenta,
inclusive as palavras que eu lanço.
E voltam, voltam
para mim.
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