segunda-feira, 16 de maio de 2011

***carta de um dia de chuva e frio




Enfim, o inverno está para chegar. Isto está bem mais evidente por esses dias. 
Tenho aqui ao meu lado uma xícara de café com creme e me delicio ouvindo um piano em jazz. É delicioso o frio para ensimesmar-se e se acarinhar, não é?
Já não sei em que hemisfério você está, por isso, se no momento em que ler esta carta estiver sentindo calor, nem se importe com meus contornos invernais. E com a minha provável falta de assunto.
Li algo, há pouco, sobre o pessimismo. Creio ter sido de Einstein. Que o pessimismo já se trata de um começo errado - é isso?
Não sei ao certo. Apenas quero comentar que me lembrei de uma conversa que tivemos em um dia distante, na gruta da Lapa. Havia, então, um cheiro bom daquele verde úmido que nos cercava e era...começo de outono.
Falamos na ocasião sobre tantas coisas, mas, sobretudo, sobre o pessimismo.
Eu manifestei minha preocupação sobre algumas coisas que, intuía, iriam resultar de alguma atitude minha.
Você me deu uma aula a respeito de como não deveria me pré  ocupar de algo cuja certeza nem se delineava ainda. Estranho. Claro que não foi a primeira vez que alguém me falou sobre o mal que há em ser pessimista, em tentar adivinhar o que há de vir. Contudo, de todas as vezes que alguém,  incluindo meus pais, falou-me a respeito,aquela entrou na alma de uma forma decidida, definitiva.
Ah...a importância de termos amigos que nos chamam para dançar as dificuldades mais enraizadas!
Tanto que, mais uma vez, ao ler algo sobre o pessimismo, imediatamente minha mente foi remetida àquele dia, amigo.
Então, como não mais me apego a preocupações inúteis e faço disso uma marca a mais em meu sorriso, lembrei-me de escrever mais uma carta. Porque havia muito eu não me dedicava a fazê-lo, para você.
Pois bem, que ela o encontre risonho. Aquele riso seu que ilumina a sala de estar de qualquer casa ou o mais mal iluminado pub inglês.
E que eu possa estar em meio a estas letras, quem sabe abraçando mais apertado a saudade que me aquece mais ou menos como a xícara de café com creme que acabei de tomar.
Sorrio. Já me despeço.
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Um comentário:

Verônica Aroucha disse...

Café com creme e um sorriso que ficou...Tudo tão especial, uma gruta e o pessimismo que se espanta quando se abre a alma, assim.
Um grande abraço, obrigada por tão linda leitura.