sexta-feira, 7 de maio de 2010

* carta de mais um dia


Assim  é que o tempo me encontra, amigo. Um dia e mais um dia e outro dia, no carrossel de minhas limitadas superações. Tenho lido e tenho escrito e,quando saio às ruas, elas me parecem ter um colorido diferente.Por falar nisso, somente ontem me dei conta de que a árvore de 'espírito santo' finalmente floresceu.
E já não era sem tempo. Da janela costumo olhar para ela.
Gosto do contraste entre o verde escuro e o vermelho vivo das flores, aveludadas, fortes.
 Eu me lembrei de você. Há quanto tempo não a vemos juntos?
Bobagem. Juntos estamos e estaremos e este fato já é árvore a florescer continuamente.
Gostaria de tomar um pouco mais de meu tempo para a leitura. Há, ali na estante, bem uma dezena de livros à espera - devo dar-me o tempo.  Pois é assim que mais viajo,não é? Desde há muito.
Desde quando descobri que bela caravela é cada livro....
...

Não sei se estará chovendo ainda quando amanhecer.
O fato é que os dias já estão mais curtos e o vento mais frio.
Sei da proximidade do inverno e eu o desejo muito,
 para que eu possa brincar de me aquecer junto ao fogo e envolta por uma manta.
É delicioso o aconchego.
É mágica a luz.
Neste momento, chove o bastante para queo barulho me envolva, envolva a cidade, que ainda chora você.
Isso é real.
...
Quando voltar, pode ser que não encontre um ou dois amigos. Soube de fonte segura que pensam, alguns, em mudar-se para "além dos temporais". Haverá mesmo um rochedo seguro por lá?
...
Por um segundo eu o imaginei num alto rochedo, num lugar muito parecido com a Cornualha. É lá que você está? Gostaria de saber. Por vezes, gostaria - e muito- de estar onde você está.
É quando maldigo nossos caminhos tão paralelos, desecontrados...

Mais um dia, meu amigo. E, quando me deitar, pensarei um pouco mais em seus olhos escuros.
Mais um dia que preenchi de ausências e presenças. Do que há e do que já foi.
Fecho os olhos e sinto o vento em meus cabelos ao mesmo tempo em que devora meu rosto.
Estou no alto do rochedo com você. O mar, lá embaixo, grita, cantando para tempo algum.

Escreva-me um poema. Eu o terei comigo, grudado à alma e à pele.

Até breve, amigo.

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