segunda-feira, 30 de junho de 2008

Carta de me deixar doer* (música: a flame in avalon)

Ficaria por mais tempo lendo Alberto Caeiro para você.
Ficaria o tempo que você quisesse dedilhando as notas de palavras
que se jogam ao vento do tempo e se transformam e vida, pura e simplesmente.
Mas, a noite caiu tão rapida e pesadamente sobre nós que meus olhos já não puderem enxergar as letras distorcidas pelas sombras.
A Lua? Era Nova...a tudo beijava com sombras...bem sabe você, bem sei eu.
O que nos restou foi o silêncio sem as estrelas
e o arrepio que o vento do sul provocou em nossa pele
e fez calar em nossa alma.
Nada além do vento e de mim tocou você.
Nada além de você tocou em mim.
Não há porque remexer em certas lembranças,
mas essa me veio com força e não pude me negar a ela.
Assim como não me nego às páginas que agora tentam se derramar de mim, sob a luz amarela que torna tudo tão esmaecido e gasto.
Sou eu, sem pedir resposta.
Sou eu, feito a garrafa preenchida com folhas de papel, largada no mar.
Sou eu. Acredito que isso ainda baste.
Porque sigo. E minha palavra segue.
Somos barcos à vela...tudo é silêncio...tudo é mar e céu.
Tudo é imenso e cabe... cabe em nós.
Até talvez. É mais certo do que "até breve"
e eu subscrevo a letra que acaba sendo imensa e infinita.
A.
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