segunda-feira, 22 de outubro de 2007

******arte

por Gary Blanchette

*carta ao infinito

...
Algumas canções me remetem ao infinito e eu acabo presa ao espaço todo, tão amplo que é e, ao mesmo tempo, faz agonizar qualquer coisa em mim. Como se os dias que vêm trouxessem consigo uma noite maior do que todas as outras...a mais longa...
O que escrevo - e se escrevo - é para me despir e aliiar uma dor tão antiga que já não consigo definir e cujo códio não decifrei. As cartas seguem pelos mares do tempo e me levam consigo. Sou as letras perdidas entre as marés e, ao mesmo tempo, protegidas pelo vidro da garrafa secular que as ajuda a navegar.
Mas eu já me perco de mim e me transformo numa redundância que não se efetiva.
Sou, então, um sopro de mim é uma máscara veneziana dos carnavais eternos.
Eu escondo os rostos que se guardam de lágrimas e sorrisos.
Porque sigo - e quando eu sigo -,
os caminhos podem responder às questões
que me deixo fazer a cada gota que
me encontra desperta, nos dias que se abrem
após noites de serenos abundantes.
E eu me dispo das razões.
Elas não me têm.
Sou apenas poeira.
Ainda que de estrelas do mar.
Sou as cartas que deixo. Estou nelas esparramada
e eu as molho com minhas lágrimas
porque não sei escrever sem me entregar.
E respiro fundo porque, aqui, no mar de letras
que não têm fim, eu me deixo descansar.
Assino meus dias assim.
O tempo passa por mim e me atravessa.
Eu, criança ainda, diante do infinito
desse senhor inabalável,
curvo-me e aceito as marcas
que me fazem inteira - e feliz.
A.
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